Se eu fosse sidonista, esta era a boa altura de me sentar e esperar que o Presidente - que não é Rei - decidisse por mim. E por todos. Deixando-o, apenas, prisioneiro das chantagens palacianas e das impotências reverentes.
Se eu fosse militante com cartão ou presunção, iria cheirar o cú dos Secretários e ouvir deles qual a linha justa para as conveniências do Partido.
Se eu fosse inconsciente, diria
ainda bem, que o estampanço vai ser maior, deixando correr a incompetência e o populismo.
Se eu fosse leviano, discutiria a forma e deixava "santanizar" este pobre país que, de tão pobre, não merece nem aguenta tanto. Porque, mesmo aqui, a vigarice política devia ter limites.
Se eu fosse do PS, tremeria de ver o Ferro ir a votos com o Pedroso na lapela.
(Porque um podia ser Primeiro Ministro. E o outro, ministro de qualquer coisa.)
Se eu fosse o José Pacheco Pereira, voltava a ser maoísta. Porque, neste país, tudo é possível e quem contorce, sempre torce.
Se eu fosse a Helena Roseta, vestia-me de luto e voltava a chorar em directo com uma foto de Sá Carneiro junto ao coração. Porque, neste país, a todo o tempo se pode voltar para trás.
Se eu fosse o Pina Moura, pedia desculpa ao Carvalhas, fazia autocrítica e pedia para voltar. Porque, neste país, tudo vale sempre alguma pena quando a lata não é pequena.
Se eu fosse o Louçã, ria-me que nem um perdido a olhar para as mensagens no telemóvel. Porque, neste país, rir é a única coisa que tem motivo.
Se eu fosse patriota da bola e tivesse bandeira na janela, já a tinha tirado por vergonha.