
Vital Moreira escreve hoje no
Público, um artigo esclarecedor sobre a situação de abandono do interior profundo (o mais abandonado), a pretexto da ameaça e chantagem exercida pela camionagem (privatizada) para obter rendimentos por prestar o “serviço social” de continuar a assegurar a ligação rodoviária a
Pampilhosa da Serra (concelho do distrito de Coimbra). Ou a Câmara Municipal os “compensa” dos “custos” de ir até lá, com os dinheiros a que o Estado se baldou nos “processos compensatórios”, ou então aquele concelho fica sem ligação por transportes colectivos. Se a ameaça se concretizar, quem queira ir até lá ou de lá sair, ou tem automóvel ou volta aos hábitos esquecidos, cajado na mão, de andar a pé por montes e vales ou, então, arranja um burro.
Estava nos olhos o que ia dar a privatização desenfreada dos transportes públicos. Primeiro, tudo bem. Depois, é claro, vem o primado dos dividendos. Baixam-se os custos e degradam-se os serviços e a qualidade do transporte, depois cortam-se as carreiras pouco rentáveis. Amanhem-se.
E os Correios, tarda nada, vão pelos mesmos caminhos, ou seja, não se fazendo ao caminho.
O paÃs estreita-se na sua faixa litoral cada vez menos larga. Ou seja, este paÃs, tão pequenino, não para de encolher. E, quando não coubermos no litoral, a solução será habitar a água.
Mas quem conhece Pampilhosa da Serra, terra cada vez mais despovoada e com cada vez menos eleitores?
De João a 7 de Julho de 2004 às 17:52
De acordo, caro Marco. Mas o caso da Pampilhosa da Serra é "especial" - é a terra dos meus sogros e onde vou todos os anos limpar a alma. Abraço.
De
Marco a 7 de Julho de 2004 às 16:58
Ainda bem que o Vital Moreira se lembrou deste caso. Mas deve haver muitos mais noutras cidades, vilas e aldeias do interior.
É a lógica do Mercado a sobrepor-se à lógica do Serviço Público.
Para quem mora numa grande cidade, os problemas do interior parecem pequenos; mas, na verdade, são bem dramáticos.
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