Já me restam poucas dúvidas que o Governo de Aznar mentiu e mandou mentir aos espanhóis e ao mundo sobre a autoria material dos actos de terrorismo em Espanha. Provavelmente, terá mentido por eleitoralismo obsceno para inflacionar os resultados do PP. Resta-me a esperança, porque não vivemos num mundo de parvos, que os espanhóis castiguem, nas urnas, a demagogia azna até porque, antes do mais, foram ofendidos os familiares das vítimas que tinham direito a não verem os cadáveres dos seus servirem de joguete para mesquinhos jogos eleitorais. É mais uma razão para desejar a vitória do PSOE nas eleições. Veremos como pensam os espanhóis.
Mas mais grave do que a mentira de Aznar e do seu bando, é a vantagem que o terrorismo tira deste embuste. Porquê?
1º) Alguma esquerdelhada (Ana Gomes, boa parte dos bloquistas e quase todo o mundo para quem a política se resume em ser-se anti-americano) suspirava que pertencesse à Al-Khaeda a autoria do atentado. Porque o alastramento do pânico europeu serve para o reforço da culpabilização do Império do Mal pela ocupação do Iraque. Hoje, quando a Al Khaeda ataca e assassina, a culpa será, para esta gente, sempre, mais de Bush que de Bin Laden. Desta forma, a Al Khaeda conseguiu uma cumplicidade tácita que é um trunfo poderoso na estratégia terrorista. Tal como antes, Sadam se viu redimido de ser tratado como um ditador sanguinário a partir do momento em que foi o alvo do ditador mor (Bush, pois claro). Assim, Aznar deu mais trunfos à Al Khaeda e aos que são cúmplices com ela quando menorizam a sua face assassina perante o Inimigo Principal. Porque retardar o conhecimento da autoria, serviu apenas para adensar o mistério, a especulação e o impacto da revelação.
2º) O bando de assassinos da ETA, vendo transferir-se o odioso para a Al Khaeda, beneficia de um branqueamento insólito. Eles não serão tão maus como os piores. Eles avisam antes. Eles não atacam o pobre povo trabalhador. Eles não matam tantos. Eles têm uma causa. Afinal, a pobre ETA é vítima da perseguição de Aznar. Coitada da ETA que lhe atribuíram culpas alheias. Assim, Aznar deu mais trunfos à ETA para continuar a assassinar.
Todas estas questões articuladas consolidam a minha opinião de que, independentemente do autor material (provavelmente, a Al Khaeda ou similar), quer a Al Khaeda quer a ETA beneficiaram subjectivamente com o atentado e a forma do PP o manipular. Se a ETA não colocou estas bombas, a ETA é cúmplice política do atentado. E, se não assassinou em 11 de Março, a ETA já assassinou antes e vai continuar a assassinar.
Aznar e o PP, deviam pagar caro as suas mentiras. Porque pisaram os corpos das vítimas inocentes assassinadas ao favoreceram a continuação do terrorismo e ao darem trunfos aos seus cúmplices políticos (e são tantos, são tantos) que aceitam TUDO que possa transformar-se em ódio anti-americano.
Não gosto do Aznar. Não gosto da sociedade suja do PP. Não gosto dos seus amigos, os políticos e os esquerdelhos que se lavam na água suja das suas manobras. Odeio assassinos, os da ETA, os da Al Khaeda e todos os que substituem a opinião e o voto, pela bala e pela bomba.
Estou com as vítimas do terrorismo.
Contra o terrorismo, sempre!