Quinta-feira, 29 de Abril de 2004
Há dias em que a inspiração se esgota. E outros há em que nem sequer chega a aparecer. Mas todo o mal tem remédio, dizem os optimistas. E eu concordo. Direi mais: para grandes males, grandes remédios. O que também não é original mas é verdade.
Os textos do
Alentejanando fazem parte da minha medicamentação diária para viver bem com a vida. E têm a vantagem de me fazerem apetecer ir a seguir beber um tinto alentejano. Ou seja, é cura a dobrar: as prosas do alentejano lúdico (eu acho que, embora não pareça, todos os alentejanos são lúdicos antes de amarrarem uma corda ao pescoço e assim quererem subir ao céu para conversarem com os compadres que já lá estão) e o copo que bebo a seguir à sua saúde.
Hoje (acordei deprimido a pensar na puta da guerra na Guiné), tropecei num texto delicioso do Alentejano que teve ainda o condão de me fazer partilhar a memória (boa memória) dos escritos do Sttau Monteiro no “Diário de Lisboa”, em que ele assinava como Guidinha. Eram, no tempo, do melhor que havia e hoje alimentariam um blogue de sucesso. Marcou-me tanto a Guidinha que, uma vez por outra, ainda me foge a mão para a imitação. Como aconteceu ao Alentejano que largou um naco de ironia que não resisto a transcrever com a devida vénia e que serve às mil maravilhas para contrabalançar a face negra deste dia em que meti Fidel, descolonização e um dos quartéis onde estive encafuado na Guiné.
“O tribunal que manda nos outros tribunais mais putos que só servem para atazanar o major batata mais o outro gaijo que manda nos apitos e parece que também negoceia em apitos o tal big tribunal de casos grossos proibiu o Lopes de cavar melhor dizendo os cabo verdianos e os ucranianos e mais outros bigs de louros e bigs de grandes que parece que agora vivem cá contra a vontade do pastilha elástica ou do portas evolucionista trapezista contorcionista mas ao menos servem para cavar.
O Lopes diz que mandou investigar a Barcelona Paris Londres Bruxelas e mais uma resma de cidades acima de qualquer suspeita na questão dos procedimentos e em nenhuma foram detectados impactos pactos patos ambientais tais e quais é tudo na base do entra porco sai chouriço.
Depois aparece um gimbrinhas que se diz secretário de estado de qualquer coisa relacionada com o estado cá pra mim o homem não tem estudos pra isso dá aos pedais e sai de cena.
Deixem cavar o homem deixem cavar à vontade o rectângulo bananeiro calhando o Lopes ainda descobre debaixo do marquês o petróleo que outrora fez negaça no Beato que raio de empatas que só querem involução porra e até era girÃssimo (a Lili não entra nesta estória ainda que seja amiga do Lopes) a cidade cheia de túneis e buracos para a rapaziada jogar melhor à s escondidas com o fisco e o governo brincar melhor à s escondidas com a gente e depois evoluir dum buraquinho a dizer uh, uh estou aqui olha esqueci-me da oposição mas prontos o governo também os deixava reinar nos buracos e túneis do Lopes.
As gajas... na sei por mou de quê falei nas gajas... ora assim como assim sempre remendo a coisa com uma graçola a propósito das gajas e do Lopes..."
De João a 29 de Abril de 2004 às 19:46
Ora nem mais. Katespero, como dizia o outro. Abraço.
De Isidoro de Machede a 29 de Abril de 2004 às 18:55
Um dia destes bebemos um pucaro, ou onze, logo se vê? E vai ser cá num sÃtio que eu cá sei. Logo mais digo.
Prá frente Fóia!
De João a 29 de Abril de 2004 às 17:31
Arguto e sábio comentário. Estamos sempre a aprender. Confirma-se: o gajo quer é gajas. Abraço.
De Antonio Dias a 29 de Abril de 2004 às 17:26
Todas? Olhe que não, olhe que não.
Este Lopes tem uma atração, por vezes fatal, por tudo o que seja feminino. É um dom, um vÃcio, um tique, chame-se o que se quiser. Repare-se no feminino das coisas: As Câmaras Municipais, A Presidência da República, As barracas (as que prometeu deitar abaixo e as que dá)... Como se pode ver, feminino é com ele. Definitivamente.
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