O meu amigo
Teixeira Pinto resolveu oferecer-me uma prenda envenenada. Primeiro, um ganda elogio (excessivo, mas também eu sou excessivo a elogiar amigos, está desculpado). Depois (diz ele, para me espicaçar), avança com a célebre frase
Arriba Franco, mais alto que Carrero Blanco! e atira-me com o Almirante Voador para cima de mim e como mote de desafio. Raramente me furto a desafios (mal meu e defeito péssimo) e lá me desenrasquei (eu não quis foi ficar com o raio do Almirante pendurada cá por cima):
Quanto ao Carrero Blanco, a frase também foi gritada em Lisboa (nomeadamente a acompanhar o assalto à Embaixada de Espanha). Teve força, é bem esgalhada, mas tem um factor que para mim é inibidor: a bomba que projectou Carrero às alturas foi posta pela ETA (organização que eu repudiu). Depois, o efeito foi que Carrero (um falanguista do piorio) foi substituído no cargo pelo Director da Polícia Política de Franco. E os democratas espanhóis não ganharam com o negócio. A repressão que se seguiu só fez atrasar a possibilidade de ter havido uma verdadeira roptura com o franquismo. Teria preferido Carrero Blanco (e os comparsas) sentado no banco dos reús a responder pelos crimes do franquismo. O que a ETA conseguiu foi que o pânico levasse a um "pacto de transição" em que os carreros blancos se sentaram à mesa da demo-monarquia espanhola e que, hoje e por exemplo, no governo Zapatero, o Ministro da Defesa PSOE seja um antigo dirigente da Juventude Falangista. E Franco não foi "arriba", morreu velho, de doença e na cama. Matou patriotas espanhóis até ao último suspiro de uma vida vivida a matar espanhóis e ... morreu de velhice e de doença! Cada vez me convenço mais que o terrorismo serve (só serve) os fascismos.
Abraço, caro Amigo da Onça. E temos assunto para continuar a conversar?