Já falei dos meus sentimentos sobre o Carnaval. Quanto ao carnaval brasileiro, sabemos sobretudo aquilo que os estereótipos transmitem. Este ano, a grande novidade foi o Presidente Lula mandar distribuir gratuitamente dez milhões (!) de camisinhas para prevenir a difusão da SIDA, enquanto a Igreja Católica conseguia censurar carros alegóricos que falavam exactamente desse problema e da sua prevenção.
Para não ficar pelos estereótipos, desafiei a minha simpatiquíssima blogamiga
Cathy (que também escreve admiravelmente bem) que transmitisse as suas impressões. Cathy não se fez rogada e respondeu prontamente:
"Um pouco sobre carnaval...
O meu amigo João, do blog Bota Acima, deu uma sugestão de um post sobre o carnaval, e eu vou procurar dizer um pouco do que vi e ouvi, sem pesquisas, apenas informações de uma simples brasileira.
O Brasil é um país que, desde sua origem, possui uma diversidade em todos os aspectos, inclusive na vivência cultural. Muitas coisas fazem parte da cultura brasileira, e não apenas o carnaval e o futebol. Até esses pontos que já foram mais forte em tempos passados, são assimilados de forma bastante diferenciada pelo povo brasileiro.
Especificando o carnaval, nós temos variações por região, e dentro de cada região onde a festa acontece, o comportamento não é uniforme.
Rio de Janeiro e São Paulo possuem uma força muito grande no desfile de escolas de samba, festas em clubes, alguns blocos, mas tudo isso concentrado em lugares específicos. É possível passar o carnaval em uma dessas cidades e nada ver da festa. Na maior parte dessas cidades reina a paz e a calmaria incomum nos dias úteis. Os interesses se distribuem em: alguns fogem para as praias e as rodovias de saída dessas cidades ficam num verdadeiro caos; algumas pessoas ficam em casa vendo filme, estudando, dormindo, assistindo ao desfile, etc; e por fim o grupo dos que participam ativamente. Os participantes de escolas de samba passam o ano inteiro se preparando para o desfile, ora nos barracões fazendo as fantasias essas são as pessoas que dedicam muito do seu tempo, pessoas da comunidade representada pela escola ora nos locais onde fazem o treinamento onde se concentram todos os sambistas para passar a noite sambando. A fantasia é vendida por preços bem elevados, quanto maior o destaque maior o preço. Há quem deixe de comprar algo de real necessidade para investir na fantasia. A fantasia vista de perto não justifica o preço, mas em conjunto na avenida faz total diferença.
Salvador é outra capital com uma força muito grande nessa festa, com o enfoque ao carnaval de rua. Em outros tempos já foi cantado atrás do trio elétrico só não vai quem já morreu também a praça Castro Alves é do povo, como o céu é do avião. O trio elétrico é um carro de som com ou sem cantores em cima para animar o grupo que o segue, e é uma multidão que pula durante horas sem parar. A Praça Castro Alves é muito famosa por ser um ponto histórico na cidade de Salvador. No interior da Bahia existe uma variação, algumas cidades nem ouvem nada sobre o carnaval, em outras fazem o chamado micareta que é o carnaval fora da época. Isso vai depender das tendências políticas. Em época de eleição é comum o contecimento.
Algumas cidades do nordeste possuem algumas tradições folclóricas, como uma dança chamada frevo.
O carnaval também guarda em sua história bailes gays, sexo explícito, e muito dinheiro que escorrega para os bolsos dos que controlam alguns setores, mas isso já é outra história...
Meu carnaval se resume em sombra e água fresca."
Obrigado Cathy.